A explosão da agricultura indoors

Não sei se é a tendência do “faça você mesmo”, a possibilidade de se utilizar tecnologia de ponta para produzir alimentos em pequeníssimas áreas e ganhar dinheiro com isso ou a perspectiva de se combinar as duas coisas e fazer agricultura do futuro no ambiente urbano. Não sei se é a pura novidade. O que sei é que a busca por informações sobre agricultura indoors, seja na forma de plant factories ou fazendas verticais, explodiu nos últimos dois anosJá há startups fazendo e muita gente querendo entrar no negócio. Tenho a impressão que estamos vivendo em um ponto de inflexão histórico no que diz respeito à agricultura urbana. Assim como foi com a revolução digital, não temos ainda nem ideia dos desdobramentos futuros dessa nova tecnologia. Aonde isso vai nos levar? Produção individual de hortaliças? Supermercados com suas próprias “fábricas de plantas”, oferecendo produtos não apenas frescos, mas colhidos pelo cliente ali mesmo? Vegetais personalizados, com os teores de nutrientes de acordo com a demanda? Muita coisa é possível. 

No livro “Plant Factory: An indoor vertical farming system for efficient quality food production“, os editores, um grupo de pesquisadores japoneses e coreanos, dizem que “nas próximas décadas, a agricultura urbana e vertical não será apenas uma forma modificada das práticas agrícolas atuais. Esta nova forma de agricultura em ambientes fechados proverá serviços sociais completamente novos nas áreas urbanas, as quais vêm enfrentando restrições de ordem ecológica, social e econômica.” Essa novíssima forma de produzir alimentos não se restringirá a grandes centros urbanos. É importante lembrar que a principal técnica de cultivo utilizada, a hidroponia, economiza drasticamente as quantidades de água e nutrientes. Isso torna a agricultura indoors uma alternativa muito interessante para regiões onde há escassez de água, como o semi-árido por exemplo. Não vejo porque se deva insistir em soluções low-tech para o semi-árido. Israel investiu e continua investindo pesadamente em soluções de alta tecnologia e tem hoje uma agricultura produtiva como a de poucos países com clima mais ameno. 

A agricultura indoors em áreas urbanas abre ainda a possibilidade de reuso de recursos, como água e mesmo resíduos vegetais. Dickson Despommier, o pai do conceito de fazendas verticais, prevê o reuso de águas cinzas de consumo doméstico na irrigação de plantas no cultivo vertical, bem como a calcinação de lodo de esgoto doméstico para gerar energia elétrica para as fazendas verticais. Os resíduos vegetais dos próprios cultivos poderão ser compostados e utilizados como substrato no cultivo sem solo, retornando parte dos nutrientes e diminuindo a pegadas de carbono dos empreendimentos. A presença de cultivo de hortaliças e frutas em áreas urbanas poderá contribuir no combate aos chamados desertos alimentares, podendo inclusive promover o aumento no consumo de frutas e hortaliças pela população mais pobres. O caminho é longo e promissor.

De <https://www.linkedin.com/pulse/explos%C3%A3o-da-agricultura-indoors-italo-m-r-guedes/>

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