A agricultura brasileira pede uma revolução do efeito estufa

Historicamente, o consumo de hortaliças no Brasil permaneceu baixo, apesar do país ser reconhecido internacionalmente como uma superpotência agrícola. As razões para este aparente paradoxo são diversas e relativamente difíceis de resolver. Existem razões culturais, mas é geralmente aceito que o alto custo dos vegetais é uma das principais causas do baixo consumo. A população brasileira já ultrapassou 200 milhões de pessoas e a renda média da população aumentou nos últimos anos. Apesar do esperado, no entanto, o consumo médio interno de hortaliças no país de fato diminuiu. 

O Brasil é o maior país tropical e, como tal, apresenta grande variabilidade de climas e solos em seu território. Embora a horticultura em estufa seja praticada desde a região subtropical do sul até a região quente e úmida da Amazônia, as razões pelas quais a horticultura em estufa é adotada podem diferir de acordo com a latitude. O crescente interesse pela produção de hortaliças em estufa está associado ao aumento da renda do consumidor, à urbanização da população brasileira e à crescente preocupação com a segurança alimentar, o uso de defensivos químicos e a possibilidade de aumentar a eficiência do uso de água e fertilizantes.

O uso intensivo de insumos e a grande dependência de importações expõem o lado vulnerável da agricultura brasileira, tornando urgente o desenvolvimento de sistemas e práticas que aumentem a eficiência no uso de insumos se a sustentabilidade da cadeia de valor vegetal for uma real prioridade. O já mencionado aumento da renda média da população brasileira, a legislação trabalhista brasileira e a competição com outras atividades econômicas percebidas como menos árduas tornaram a mão-de-obra para a agricultura escassa e cara, o que criou novos desafios para a agricultura. A pesquisa científica agrícola tem sido pressionada a fornecer soluções inovadoras para esses desafios. A expansão da agricultura em estufas é considerada uma dessas soluções. 

A percepção de que o aumento da frequência de eventos climáticos extremos devido às mudanças climáticas globais afetará fortemente as áreas produtoras de hortaliças é outro fator envolvido na intensificação da busca por soluções em cultivo protegido. Nunca é demais lembrar que imprevistos climáticos podem afetar não só a produtividade das hortaliças, mas sua qualidade física, e o fato de o consumidor brasileiro “comprar hortaliças com os olhos” já se tornou proverbial. 

A concentração da produção de hortaliças em estufas nas regiões metropolitanas, que são as maiores consumidoras desse tipo de produto, possibilita a redução da distância entre as áreas produtoras e as regiões consumidoras, favorecendo a redução das perdas por transporte inadequado em longas distâncias. É sabido que as perdas pós-colheita de hortaliças desempenham um papel importante na regulação da oferta e, consequentemente, dos preços das hortaliças no Brasil. 

Um fator que tem impedido a ampla adoção da produção de hortaliças em cultivo protegido no Brasil são as altas temperaturas internas, principalmente nas fazendas do Centro-Oeste, Nordeste e Norte do Brasil, mas também ocasionalmente Sudeste e até mesmo no Sul do Brasil, que são subtropicais mais frias. regiões. A adoção de técnicas de controle de temperatura geralmente utilizadas em outras regiões do mundo, como o uso de ar condicionado, esbarra no alto preço da eletricidade que inevitavelmente levaria a um aumento no custo de produção e no preço das hortaliças. Considerando que o consumo médio doméstico de hortaliças pelos brasileiros gira em torno de 27 quilos por pessoa ao ano (na Coreia do Sul o consumo médio é de 170 quilos por habitante ao ano), 

A questão fundamental de desenvolver soluções de pesquisa para reduzir a temperatura interna no ambiente protegido permanece. Existem soluções técnicas, principalmente envolvendo técnicas e materiais na construção e cobertura de estruturas para cultivo protegido, utilizadas em diversos países para controle de variáveis ​​climáticas internas, principalmente temperatura e luz. Essas técnicas ainda são pouco conhecidas e ainda menos utilizadas no Brasil, principalmente devido à falta de pesquisa e validação em condições tropicais. Junto com o desenvolvimento de tecnologias adaptadas ao horticultor brasileiro, é urgente que a população brasileira coma mais verduras e frutas.


De < https://www.linkedin.com/pulse/brazilian-agriculture-calls-greenhouse-revolution-italo-mr-guedes/ >

Compartilhe esse post

Mais para explorar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

×